terça-feira, 5 de junho de 2018

56. O Dono da Narrativa



Da escuridão eu vim, para a escuridão eu irei. Uma vez carne, poeira ainda serei. E eu ainda não sei dizer se escrevo mesmo a minha própria história. Seria esta voz dentro de mim ainda a minha própria?
De olhos bem abertos, acordo para mais um sonho de homem desperto. Apesar de todos os surtos e absurdos pelo mundo afora, ainda mantenho meus olhos bem abertos. Não quero correr de mim, para as montanhas; não estou mesmo a fim de fugir de minhas convicções e falsas lembranças.
Sou feito de rabiscos espalhados num papel branco, apenas alguns traços ficando fracos, apagando-se pelos cantos. Não pude nem escolher como eu gostaria de parecer. Ninguém vê, mas por dentro eu ainda sou como gostaria de ser.
É verdade que ninguém pode mesmo me ver? Posso, então, minha própria narrativa escolher? Meu destino seria viver pelo acaso, feito maltrapilho a vagar entre pilhas silenciosas do mais puro descaso? Ser esmagado todos os dias pela mesma rotina, sem razão, nem rima?
Essa coisa que as pessoas chamam de alma, eu não quero vendê-la assim tão barato, nem quero perder minha calma. Não quero perder o controle de minhas mãos, nem das ações que não escolhi tomar. Enquanto penso no próximo passo que darei, em todas as coisas que farei, parece que minha consciência não quer se calar.
Sou eu o dono de minhas escolhas, o imperador em minha própria bolha. Não atendo aos murmúrios estranhos sobre meus ombros, ao anjo e o diabo em meus pensamentos autônomos.
Está tudo escrito em cada um de meus genes. Todas as tendências herdadas de meus antepassados. Que ditam a cor de meus olhos e até meus sabores favoritos de sorvete.  Em minha pele, todo o meu passado.
É verdade que ninguém pode mesmo me ver? Não foi o que os astros me disseram hoje, se estou entendendo bem. Sou a marionete de meus próprios instintos, movido pelas cordas invisíveis de meu signo. Pela entidade gravada na moeda da sorte. Pela Vida, que me conduz à Morte.
Está escrito em minha maldição: não, você não foi amaldiçoado. A roda da fortuna mudará de direção, assim como os ventos da mudança ainda estarão do meu lado. Digo a mim mesmo: sou merecedor de coisas boas por causa de minhas atitudes. Quero acreditar que sou o pai de todas as virtudes.
Quem está no controle de cada um dos meus passos? Sinto-me como que caminhando sobre vidro moído com os meus pés descalços.
Quero acreditar que ainda escrevo minha própria história.
Quero acreditar que sou eu quem escolhe meus percalços.
Que minha vontade não seja ilusória.


-----------------------------------------------------------------

Para mais informações e novidades:

Sigam-me em meu perfil no Google Plus

Sigam-me também no Twitter

Curtam e sigam minha Página do Facebook

terça-feira, 15 de maio de 2018

55. Ruído Branco



Não, eu não tenho nenhum remédio comigo. Nem trouxe uma garrafa de vodca para dividir com meu amigo. Não tenho um único vintém perdido aqui no meu bolso. Nada tenho para me distrair dos pensamentos. Para disfarçar todo o meu desgosto de ter pagar pra ver a quem nem mesmo vê você. Ninguém mais conversa de graça, caminhando ao seu lado nas ruas ou sentado no banco da praça. Não me importo de vê-lo comer sozinho ou se nada tem a me oferecer; eu não vim aqui para encher minha barriga, vim para escutar e enxergar tudo sobre você. Quero saber o que puder sobre meu amigo. Peço perdão por não ter trazido nenhuma distração comigo.
Tragam suas máscaras lagrimejantes para a festa de debutante. Tragam seus filtros mágicos a melhorarem seus sorrisos de pessoas importantes. Façam suas poses espontâneas, suas poses especiais de pessoas iguais diante das lentes da câmera. Mostrem seu prato bonito de arroz e feijão gourmet para o mundo todo. Nós recompensaremos sua ostentação com cada um de nossos biscoitos. Mostrem seus músculos torneados e suas pernas finas. Diante do espelho, mais uma prova de superação. Provem a cada segundo que estão no controle de suas vidas. Neguem que estão em negação.
Clique em Editar. Que tal mexer aqui e retocar ali, moldando a realidade à sua vontade? Agora clique em Editar a Verdade. Mostre para o mundo as mentiras convenientes e brilhantes como seus dentes, brancos como todo esse ruído branco que ouve para abafar qualquer grito de socorro. Pelo menos estão te pagando bem para ser garoto-propaganda de perfeição para o mundo todo? Que tal deixarmos de falar de coisas negativas só por hoje? Que hoje ninguém pule da ponte!
Quando quero falar de sentimentos, minha cabeça parece feita de vento. Nunca encontro as melhores palavras, não tenho nenhum remédio ou tostão furado para acalmar meus pensamentos. Nenhuma distração me torna forte para levar o caos embora. O caos e as ideias dividem o mesmo espaço, enchendo minha cabeça e o papel de caraminholas.
Não leiam, nem vejam outras realidades e verdades. Não tenham tempo, nem receio de dizerem que os outros só trazem desgosto, que nada acrescentam ao seu bolso, ao seu tempo e investimento para serem os destaques do dia. Esvazie sua simpatia e ganhe um diploma de mestre em antipatia.
Nunca fale de seus problemas. Não enfrentamos todos nós uma arena de leões, gaviões, ratos e sapatos? Pisoteamos seu rosto no asfalto sobre o esgoto aonde vai do que somos todos feitos por dentro. Você não é um boneco feito de vento?
Tento me comunicar com meu amigo. Tentar olhar no olho é impossível. O olhar dele se perde no próprio umbigo. Precisarei trazer logo um espelho para me distrair comigo.
Tragam seus títulos, seus nomes, status, endereço fixo no primeiro encontro. É assim mesmo que funciona esse jogo.
Distraia-se e ignore tudo o que importa. Ouça o ruído branco do seu lado da porta. Mascare a indiferença com mais distrações convenientes, e não abra a porta para os impertinentes. Esses que ousam perturbar sua paz, assim como você também faz, quando abre a boca para falar aos outros de seus problemas. Quem quer mesmo saber de seus dilemas? Estamos todos ocupados, de olho em nossos próprios sapatos. Novos ou usados. Repetimos o mesmo círculo e ouvimos o ruído branco de novo, de novo e de novo. Somos muito mais importantes que o imenso elefante ignorado há tempos no meio da sala. E saiba que ainda vamos culpá-lo por não temos sabido de nada até ouvirmos seu nome se perder na quilométrica estrada, congestionada de ruídos abafados e vidros quebrados, espelhos rachados, e nas páginas dos jornais e redes sociais, entre nossas fotos de carnavais e viagens internacionais, entre receitas de bolo, jogos e maquiagens. Ficções maquiadas da realidade. Então faremos campanhas amarelas, lamentando que não tenha pintado nas paredes uma paisagem em aquarela, mas que de sangue amargo você as tingiu quando fugiu da realidade, e agora o vemos como só mais um covarde. Não, não, não. Nós nunca fugimos da realidade, apenas a maquiamos à nossa perfeita vontade. A mesma narrativa nós queremos contar, ninguém do contrário pode nos acusar. Ora, todos contam a mesma história; quem por aí poderá nos culpar?


-----------------------------------------------------------------

Para mais informações e novidades:

Sigam-me em meu perfil no Google Plus

Sigam-me também no Twitter

Curtam e sigam minha Página do Facebook

sexta-feira, 4 de maio de 2018

54. Quebra-Cabeça



Por onde podemos começar?
Onde fica o início, o meio e o fim?
Peças desarranjadas sobre a mesa, caídas no chão, escondidas sob o tapete. Um misto de falta de sentido e poeira. Brincadeira iniciada na infância, levando uma vida inteira.
Imagens cortadas, partes conectadas com o nada. Cão e gato alados, lembranças perdidas e outras desde sempre guardadas, o fragmento de um homem e a base de uma casa abandonada. Grande mistério. Enigma sem solução. Segurando a mão de pai e mãe, que não mais se encontram na multidão.
Mãos e pés, antes pequenos, agora grandes e maltratados pelo tempo. Os olhos cansados do homem não piscam, enquanto monta o jogo de sua vida, levando pouco mais de três quartos de um século.
Pessoas solitárias ao seu lado entraram e saíram de sua porta, deixando-lhe comida e bebida sem que ele se virasse para notá-las. Sua casca, antes tão bela e agora tão maltratada, sempre escondeu o abismo que ele sempre quis esconder. Tenta esquecer cada uma de suas mais infelizes falas, cada palavra que se esforçou para esquecer.
Na imagem ainda incompleta, lindos campos e coelhos brancos. Flores sem perfume; não há cheiro em suas velhas lembranças. Em meio ao verde desbotado dos velhos dias, o sangue amargo e invisível de suas antigas fantasias de vingança. Seus inimigos, que nem existem mais, nem mesmo souberam que algum dia eles haviam sido amigos.
Quem é este homem que monta um jogo que nunca jogou? De uma vida não vivida? Quem é este homem amargurado que desejou que o mundo o recompensasse com flores, amores ou com muita bebida?
Não se sabe onde fica o começo, nem de onde nasceram seus mais primais anseios de homem moderno, todo o seu medo de ser um homem sem medo. Toda a sua vontade de ser um homem sério.
Ele nasceu sem nascer, sempre existiu sem existir, morreu sem ainda ter morrido. Passa seus dias montando o jogo da sua vida, sem saber quem é ou deixou de ser.
Seu rosto está perdido na multidão de rostos perdidos, irreconhecíveis como o seu.
Onde estão as peças que faltam?
Cadê a única peça que se perdeu?
Está no coração do homem, do menino que morreu.
Está no peito sem emoção do homem moderno que se perdeu.


-----------------------------------------------------------------

Para mais informações e novidades:

Sigam-me em meu perfil no Google Plus

Sigam-me também no Twitter

Curtam e sigam minha Página do Facebook

sexta-feira, 6 de abril de 2018

52. Fantasma



Perdoe-me pela ocasião em que quebrei sua confiança ou por ter considerado falta de confiança em você quando fiz segredo de coisas banais. Estive acorrentado muito tempo pelo tornozelo, arrastando-me pelo mundo natural, primeiro não querendo ser visto, e depois sendo realmente ignorado à luz do dia. Sou o fantasma de um homem vivo.
Eu simplesmente não sei lidar com pessoas, nem consigo me misturar, mas preciso, dentro do meu tempo, resgatar minha vida, há muito tempo esquecida. Preciso muito escutar novas realidades e viver novas histórias.
Nas histórias contadas ao redor da fogueira, conhecemos o sofrimento daqueles que fogem de forças obscuras, dos sobreviventes, mas não nas histórias anteriores aos fantasmas. Toda boa história tem seu fantasma: os resquícios de uma narrativa anterior.
Somos pessoas e histórias. Pessoas e fantasmas.
As pessoas não me veem e eu aprendi a não vê-las, nem às suas histórias pontuadas por sorrisos perfeitos. Suas perfeições aparentes me distanciam cada vez mais de minha própria humanidade. Quero sacudir as pessoas e pedir para que se mostrem com suas imperfeições, mas sigo com meu lamento não pronunciado. Ainda assim, quero que me vejam outra vez, não mais como alguém que foge pelos cantos; mas ainda dói demais tentar ser humano.
Sou um fantasma repleto de fantasmas, consumido pelas revoltas e gritos internos não ouvidos. Não sou nenhum coitado, mas fui treinado a pensar que estou sempre errado.
Ser o mal absoluto, segundo meu espírito inquieto, seria uma justificativa para todos os males que não pedi para mim. Não, não são. O meu presente não tem culpa pelo meu passado.
Praticar a auto sabotagem já não deveria ter parte com meus planos de seguir em frente.
Ficar em paz não deveria ser sinônimo de continuar (a me fazer de) invisível.
Espero, muito sinceramente, que eu não assombre seus sonhos, transformando-os em pesadelos amargos, mas em sonhos doces.
Tenha, por favor, um pouco mais de paciência: logo mais voltarei à superfície e não tentarei não tropeçar mais na direção deste poço de inseguranças.
Até ontem eu ainda era um menino tentando não morrer perdido na loucura da vida adulta. Flertando com a morte, que assoprou para longe uma parte boa de mim, como se fosse algo de outra vida.
Sou a prova viva de que existe vida após a morte, pois sempre voltei à superfície da vida depois de me sentir morto de novo; mas, até então, eu não tive uma mão forte o bastante para me segurar e não mais me empurrar de volta à escuridão. Ou minhas mãos estão fracas demais para me segurar aos dedos que tentam apertar os meus.
Nem mesmo pude ajudar a quem precisou de mim, ainda que escolhas tenham sido feitas, e eu não tive muito que fazer.
Talvez você devesse se perguntar se não sou somente fruto da sua imaginação. Eu mesmo pergunto a mim mesmo se eu não sou minha própria imaginação.
Mas não é o que minha carne me diz quando sinto as dores da existência.


-----------------------------------------------------------------

Para mais informações e novidades:

Sigam-me em meu perfil no Google Plus

Sigam-me também no Twitter

Curtam e sigam minha Página do Facebook

terça-feira, 3 de abril de 2018

51. Lunático



Continuação espiritual de Destoante


Eu sou o imã perfeito para gente com um parafuso solto. É impressionante. Você entenderá logo o que quero dizer.
Apressado, quero voltar para casa. Não olho para as pessoas à minha volta, inquieto com a sensação de que se incomodariam com o meu gesto trivial de observar o mundo e as pessoas lá fora. Então sigo em frente. Quero voltar para casa.
Um homem de idade avançada me para na rua e inicia um monólogo sobre como o calor está terrível, sobre como quer voltar a trabalhar, mas seu chefe não o permite. Ele se aposentou, e agora deve aproveitar o sossego, morando no litoral. Eu apenas aceno com a cabeça, concordando com cada palavra.
Quero voltar para casa, mas este homem não me deixa nem atravessar a rua.
Este homem, ele me diz que fuma e cheira, mas nunca no trabalho. Não, não, não. Ele não é louco. Faz isto em particular, em seu quarto, em casa. Eu não sei o que dizer, apenas aceno com a cabeça e sorrio sem sorrir de verdade. Isto é muita informação para a minha cabeça.
Ele se despede de mim, mas antes de seguir seu caminho, diz para eu ter cuidado ao atravessar a rua. Volto contente para o meu próprio caminho.
O homem nem foi um dos maiores malucos que já passaram por mim, mas são os deste tipo em diante que se sentem muito à vontade de me confidenciar coisas que outras pessoas não querem saber.
Quando eu não sou o confidente de algum maluco beleza, viro a plateia daqueles que falam em voz alta em público para ninguém em particular, daquelas pessoas que fazem danças peculiares e se aproximam sem avisar, daqueles que resmungam com o vento e querem saber a minha opinião a respeito, das hienas urbanas. As pessoas ditas normais, sérias e serenas, elas apenas seguem o fluxo e nem olham para a minha cara.
Não que eu seja especial para virar um alvo, mas o primeiro pensamento que me vem à mente é: tudo bem, tudo bem, só não me ataque. O segundo pensamento costuma ser este: O que há em mim que me atrai só essa gente?
Não pela coisa em si de serem, digamos, peculiares (com o perdão do eufemismo), mas pela sensação de que, se por acaso se sentem à vontade para me abordarem e mostrarem seu mundo particular, no mínimo há uma identificação comigo. Eles conseguem me enxergar como semelhante.
Que eu não sou exatamente normal, disso estou careca de saber. Ah! Ah! Ah!
Mas não deixa de ser curiosa essa aproximação. Enquanto todo o resto segue ignorando tudo e todos, essas pessoas vagam pelas ruas e em algum momento me encontram. Não deixo de ter a impressão de que sou um lunático um pouco mais lúcido, mas não menos lunático.
Essas pessoas que querem me contar sobre suas vidas peculiares, mas não tão distantes da realidade de muitos que se negam à parte das convenções sociais.
Mesmo interagindo e coexistindo com a civilização comum, somos seres que vivem à margem dos olhares mais mundanos, longe do interesse de quem vive apenas pelo tédio de ser ordinário para não parecer louco.
Tudo bem. É até divertido parecer maluco, bastando viver em silêncio, sem deixar tão claro às pessoas o que meus olhares querem dizer. É como um mecanismo de defesa. Elas me deixam em paz com seus julgamentos a maior parte do tempo, talvez com medo da minha reação, por não saberem qual poderia ser.
Essas pessoas com histórias, com espuma na boca e um olhar perdido, e eu com minhas neuroses. E com meu olhar igualmente perdido. Essas pessoas e eu formamos um clube muito peculiar, ou talvez sejamos tão somente lobos solitários procurando a própria turma, mas acostumados demais em seguirmos o próprio rumo sem ter quem nos note ou que tente interferir em nosso mundinho particular.
Somos seres livres, ainda que guardemos parte desta liberdade dentro de nós, quando estamos caminhando entre as pessoas ditas normais. Por dentro, estamos inquietos. Até as pessoas normais, que sabem disfarçar muito bem.


-----------------------------------------------------------------

Para mais informações e novidades:

Sigam-me em meu perfil no Google Plus

Sigam-me também no Twitter

Curtam e sigam minha Página do Facebook

sexta-feira, 30 de março de 2018

50. 50 Fatos Sobre Mim (Parte 2)


Continuação de 50 Fatos Sobre Mim (Parte 1)



Parte 2 — Fatos mais pessoais sobre mim:


XXVI — Assim que eu nasci, eu fiz um som semelhante a um miado. Uma das enfermeiras até disse para a minha mãe que ela não teve um menino, mas um gatinho. Pois é. Isto não me impediu de levar umas tapinhas na bunda para chorar depois. A vida não é fácil.
XXVII — Eu já fui muito magro. Magro de rosto chupado, mesmo. Não me achava bonito nesta situação. Apesar de ter engordado um tanto e depois ter virado sedentário e depois diabético, eu prefiro o meu visual um pouco mais cheio. Eu me achava muito feio quando era magricela.
XXVIII — Meu prato favorito é lasanha.
XXIX — Detesto jiló. Porque sim.
XXX — Não sou vegetariano, ainda não, mas eu não tenho a menor dificuldade em não consumir carne. Gosto do sabor da carne, mas não sou fissurado por comê-la em todas as refeições.
XXXI — Não gosto de beijos com hálito de chiclete. Considero um tanto infantilizado, na falta de uma palavra melhor. Com hálito doce, gosto de beijos com hálito de bala tipo drops.
XXXII — Eu já quis ser gótico, mas logo descobri que não conseguiria levar o estilo adiante. Mesmo assim, sou um apreciador da cultura gótica e também de sua estética.
XXXIII — Raspo a cabeça desde os quinze anos, quando ainda não era moda. A primeira vez se deu quando eu resolvi mexer no meu cabelo e o estraguei e tive de raspar. Pensei que zombariam de mim, mas isto não aconteceu, e eu havia gostado do resultado. Então usei esse visual como uma forma de me rebelar ao não me encaixar esteticamente aos grupinhos na escola, e depois como uma simples questão de gosto. Não pertenço ao grupo dos skinheads, como muitos devem ter pensado até agora.
XXXIV — Mas não mantive a cabeça raspada logo de primeira. Primeiro, depois de ter raspado, deixei o cabelo crescer por um ano; ficou uma porcaria e desisti da ideia. Eu me lembro de ter tentado mais um penteado antes de me render à cabeça raspada. É tão bom não ter que arrumar o cabelo.
XXXV — Meu gênero favorito de música é o rock, porém sou aberto a gostar de sons de outros gêneros, desde que me agradem (por diferentes razões).
XXXVI — Minhas bandas favoritas são Pink Floyd e Alice in Chains. Gosto muito de canções com sonoridade hipnótica, e considero que ambas as bandas me proporcionam experiências imersivas muito hipnóticas.
XXXVII — Meus gêneros favoritos no cinema são suspense, terror/horror e drama, assim como nos livros. Meus filmes favoritos de terror são O Exorcista e O Bebê de Rosemary (o primeiro pelo que mostra e o segundo pelo que não mostra). De drama eu já não sei dizer quais são meus favoritos, pois sempre mudam. Um de meus livros favoritos é IT, de Stephen King, que mistura os gêneros. Aliás, por causa dos filmes de terror que eu assistia em demasia quando mais jovem, por não ter muito dinheiro para variar nos filmes que eu alugava, eu tenho quase certeza que meu pai pensava que eu deveria ter algum problema. (Risos)
XXXVIII — Atualmente, eu tenho dois cães de estimação: uma fêmea (Dachshund, ou salsichinha) e um macho (um labrador, eu acho). Não tive cães ou gatos até o início da minha vida adulta.
XXXIX — Eu não choro com facilidade, mas quando o choro vem, vem de uma vez, numa torrente emocional.
XL — Apesar da minha obsessão com a Morte, meu maior medo não é o de morrer, mas de morrer sem ter vivido plenamente, sem ter encontrado meu propósito aqui, seja lá qual for.
XLI — Fui diagnosticado com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) aos vinte anos, apesar de já ter se manifestado ao longo do meu desenvolvimento, desde a infância. Não é fácil ter de lidar com isto, mas ainda consigo me controlar razoavelmente bem sem ter de recorrer à medicação.
XLII — Faço terapia desde 2011. A primeira durou pouco menos de três anos. Estou na segunda terapia, iniciado em abril de 2017. Eu gosto. Tem me feito bem. Há quem diga que fazemos terapia para ter de lidar com quem deveria fazer terapia e não faz por pensar que é frescura. É claro que isto é uma fatia mínima do que é fazer terapia, mas faz sentido.
XLIII — Apesar de eu ser conhecido por minha inteligência (apenas acima da média, nada genial), às vezes eu gostaria de ser mais ordinário e simples; não um completo ignorante simplista, mas alguém que não pensasse tanto o tempo todo e conseguisse viver experiências aleatórias mais plenamente, sem maiores preocupações.
XLIV — Dormir é o que eu mais amo fazer. É claro que eu tento não dormir em excesso e perder meu dia. Gosto de dormir para recarregar as baterias e também como um meio de relaxar quando estou com a cabeça muito cheia. Gosto de sonhar.
XLV — Sobre meus sonhos, dois fatos em um: eu normalmente sonho com o cotidiano e dificilmente tenho sonhos mais fantasiosos (costumo sonhar mais assim de olhos abertos); e meus sonhos costumam ser lúcidos e quase sempre eu sei que estou sonhando e consigo moldar meus sonhos à minha vontade.
XLVI — Eu sou daquele tipo de pessoa que só sai de casa se tiver um bom motivo. A não ser para fazer caminhadas (não frequentes, devo confessar) ou idas à praia para tomar um bom banho de mar ou ainda ver pessoas que eu gosto, eu não gosto muito de fazer saídas ou passeios aleatórios.
XLVII — Meu maior trauma de infância aconteceu na noite do meu sexto aniversário, em que eu me acidentei batendo minha cabeça, fui parar no hospital, vi um homem com a cabeça aberta no pronto-socorro, voltei para casa, e na hora de cantar parabéns, um garoto que minha avó costumava cuidar, aproveitando-se do meu atordoamento com toda aquela situação, apagou a minha vela. Ele apagou minha vela! Isto me traumatizou e não esqueço até hoje.
XLVIII — Eu queria ter tido pelo menos um irmão com quem eu pudesse dividir minhas coisas ou brigar pelo controle remoto ou pela vez em jogar videogame. Ser filho único é muito solitário.
XLIX — Apesar de muito incomodado com a solidão, eu gosto muito de ter meus momentos mais sozinho, fazendo coisas por minha conta. É claro que eu gostaria de ter boas companhias para fazer coisas legais juntos, mas como não tenho, tenho o hábito de ter esses momentos comigo mesmo.
L — Antes de ser escritor, eu já quis ser professor (gostava de brincar de escolinha), veterinário e até detetive.


Fato Extra: Dois tipos de piada me fazem rir bastante: as ruins e as absurdas — não absurdas no sentido de reprováveis, mas de surreais, inesperadas. Também gosto de fazer piadas autodepreciativas, pois rir de mim mesmo torna a vida mais fácil de lidar. A vida pode ser dura, mas apesar dos pesares, ainda vale a pena acordar para um novo dia e rir de cada nova dificuldade superada.


Quero agradecer aos leitores que me acompanharam até aqui, e também aos novos leitores. Eu não escrevo apenas para mim, por isso agradeço aos retornos que tenho, suas mensagens, seus compartilhamentos. Gosto de deixar por escrito o pouco que sei sobre qualquer coisa, e espero que as mensagens aqui neste blog toquem seus corações como têm tocado o meu próprio ao escrevê-las. Muito mais vem por aí. Não percam!
Um forte abraço para todos.

-----------------------------------------------------------------

Para mais informações e novidades:

Sigam-me em meu perfil no Google Plus

Sigam-me também no Twitter

Curtam e sigam minha Página do Facebook

terça-feira, 27 de março de 2018

49. 50 Fatos Sobre Mim (Parte 1)



Parte 1 — Fatos sobre o blog, sobre ser um escritor e sobre como algumas ideias nasceram:


I. Sou um tanto preguiçoso e indisciplinado.
Fim.
...
Não. Vou continuar.
II. The White Box of Wonders (A Caixa Branca das Maravilhas) — como meu blog é chamado — refere-se ao meu quarto no apartamento em que minha família e eu morávamos — que, aliás, era todo branco. Como eu passava boa parte do meu tempo no quarto, a sensação era de eu estar dentro de uma caixa branca, vivendo num mundinho. Também faço uma associação da figura da caixa branca com a minha mente: nas paredes era possível rabiscar à vontade com o lápis, assim como minha mente vive inquieta de ideias, que preciso pôr para fora da caixa (da mente) por meio dos textos. Deu para entender? Nem eu entendi. O nome não faz muito sentido hoje, mas assim ficou.
III. Rabisco desde pequeno. Escrevo desde os dezesseis.
IV. Muitos dos meus textos neste blog são autobiográficos ou são reimaginações fantasiosas da minha realidade. Não todos, é claro; muitos são frutos de observação generalizada do comportamento humano e são pensados num formato ficcional. Tento ser criativo em como abordar certos temas.
V. Naturalmente, eu gosto muito de ler. Leio desde criança, mas foi na adolescência que realmente adquiri o hábito.
VI. Há textos meus que considero melhores que estes, mas considero Presença e Presença (II) os mais marcantes. São meus textos mais pessoais.
VII. Muitos não sabem, mas eu tive um relacionamento sério por dois anos. Era à distância, porém a gente se via bastante. Terminamos, mas não por brigas. Infelizmente, os caminhos se separaram. Este relacionamento foi uma das minhas grandes inspirações para o início do blog.
VIII. Além do blog, tenho um projeto pessoal como autor ficcional. Apenas me falta ter um pouco mais de disciplina para conciliar meus projetos.
IX. Também escrevo contos e tenho planos para escrever noveletas, novelas e romances.
X. Minhas principais inspirações como autor deste blog são Chuck Palahniuk (autor de Clube da Luta), em relação a alguns temas, Clive Barker (autor de Hellraiser), no lirismo contido na prosa em alguns de meus textos e Lourenço Mutarelli (autor de O Cheiro do Ralo), nos textos mais curtos e mais voltados à loucura humana.
XI. Stephen King foi quem me fez ter ainda mais vontade de ser um escritor. Eu acho que pela capacidade que ele tem de ser popular e, ao mesmo tempo, abordar questões humanas com uma sensibilidade impressionante. Ele sabe muito bem como desenvolver personagens.
XII. Sou um sujeito muito sério. Não consigo sorrir à toa quando estou caminhando sozinho pelas ruas. Mas sou o homem com o sorriso mais fácil que existe. Basta contar uma piada ou fazer eu me sentir à vontade, que me descontraio sem maiores dificuldades. Esta foi a minha inspiração para a Síndrome de Hiena, assim como os piadistas de cinema.
XIII. Com o tempo eu tentei não me influenciar tanto pela prolixidade da escrita de Stephen King — falhando muitas vezes nestas tentativas, é claro. Escrever os textos reflexivos para o blog me ajudou a exercitar a objetividade nas ideias; isto influenciou até na produção de contos, que sempre ficavam um pouco mais longos.
XIV. Também inspirado em Stephen King, gosto de conectar meus textos como se fizessem parte de uma ideia maior. Eu sei que provavelmente não foi Stephen King quem inventou isto, mas foi o primeiro autor que eu li que fez algo semelhante em conectar suas histórias como parte de um mesmo universo.
XVI. Sou cristão e costumo inserir simbolismos religiosos em boa parte dos textos, mas faço de uma maneira em que sejam assimilados por cristãos e não cristãos. Tento não excluir ou alienar meus leitores com as minhas ideias.
XVII. Meus temas favoritos são a própria vida, a morte, o cotidiano, a loucura, o amor e a falta dele. São temas muito recorrentes, pois fazem parte da vida real, que muitas vezes pode ser mais fascinante que a ficção. É a ficção da vida.
XVIII. Apesar de tentar não excluir ou alienar meus leitores, meus textos possuem pelo menos dois níveis diferentes de compreensão. Tento fazer os leitores entenderem a mensagem principal; mas, considerando que certos textos são autobiográficos, aqueles que conhecem minha história com maiores detalhes conseguem captar algumas nuances ou camadas extras.
XIX. Costumo ouvir música enquanto escrevo. As músicas costumam ditar o ritmo dos meus textos. Isto também explica o meu gosto por rimas e pequenos “refrãos”, também herança do estilo de Chuck Palahniuk como inspiração. Tento não exagerar, é claro. Busco ter minha própria “voz”.
XX. Quando quero escrever sem pressa e englobar o máximo de detalhes possíveis num texto, eu costumo escrever como quem monta um quebra-cabeça, escrevendo os trechos de maneira não linear, mas montando o texto imaginando a ordem dos tópicos e em qual parte tal trecho entrará. Isto me permite acrescentar e cortar ideias conforme escrevo e também me ajuda a tornar o ritmo do texto homogêneo; pois a minha tendência é de iniciar o texto com mais ânimo e depois ficar cansado, mas ao escrever as partes fora de ordem e distribuí-las nesta montagem estilo quebra-cabeça, não se nota o cansaço no texto. Bom, creio que na maioria das vezes consegui trabalhar bem este efeito. Mas ultimamente eu tenho escrito de maneira mais linear, apesar de minhas ideias não seguirem uma linearidade em muitos casos. Depende da inspiração. Se eu estiver trabalhando um texto mais complexo, costumo recorrer ao recurso da montagem de quebra-cabeça.
XXI. Presença (II) é um exemplo de texto que foi montado desta maneira. Aliás, foi um dos textos mais trabalhosos, por mais simples que ele pareça ao leitor. Mas eu fui descobrindo ao longo da escrita o que entraria ou sairia, resultando num texto que gosto muito.
XXII. Não lembro quando foi que comecei a numerar os textos, mas aqui vão algumas razões para numerá-los: foi uma ideia que tive para os leitores encontrarem os textos mais facilmente, ainda que eu não use o blog como um diário, mas como um espaço para concentrar textos mais elaborados; também foi um meio que encontrei para eu mesmo me sentir organizado e menos aleatório na elaboração das ideias, mesmo que a numeração não influencie diretamente na escrita. Manias.
XXIII. O primeiro Presença teve esse título inspirado no título de um texto comovente de um amigo, de título Ausência, falando de luto e da ausência da pessoa amada, situação semelhante à minha. Foi este amigo que me inspirou a criar o blog. Ou seja, ele foi minha outra inspiração para o início de tudo.
XXIV. Os quatro primeiros textos foram colados de postagens minhas no Facebook, incluindo Presença, escrito dois meses antes da criação do blog.
XXV. Evito escrever quando não tenho algo importante a dizer.




-----------------------------------------------------------------


Para mais informações e novidades:

Sigam-me em meu perfil no Google Plus

Sigam-me também no Twitter

Curtam e sigam minha Página do Facebook