terça-feira, 18 de agosto de 2015

29. O Último Beijo


Shhh...
Não tenha medo.
Prazer em conhecê-lo.
Não quero que pense em mim como uma inimiga, mas como uma velha amiga que o esperava com lágrimas nos olhos (se eu soubesse como é chorar) e que o amava desde muito antes de seu nascimento. Confie em mim e segure a minha mão quando eu vier. Não tenha medo; nosso encontro será inevitável. Não é necessário me procurar na tentativa de chegar adiantado, pois eu ainda virei buscá-lo. O que fizer por sua conta antes disso não será mais de minha responsabilidade.
É verdade, ainda não fomos formalmente apresentados, mas eu não sou exatamente uma completa estranha de quem possa fugir e se esconder para sempre. Meu rosto pode ainda não ter sido revelado aos seus olhos, mantendo-se, até então, invisível sob um capuz intimidador, mas certamente conheceu quem tenha me visto e depois sentido o toque gentil de meus lábios na pele.
Sou amiga de todos os seres viventes: dos grandes e também dos pequenos, dos bípedes intelectualizados e dos seres rastejantes. Sou amiga de todos e os amo de uma maneira especial. Eu cuido de todos eles com um carinho muitas vezes ausente entre seus iguais.
É verdade, nem sempre as circunstâncias que antecedem a um encontro são as mais lisonjeiras ou favoráveis à minha fama, e isso apenas confirma a injustiça muitas vezes presente nas ações da Vida. Eu apenas espero pelo momento certo de aparecer e revelar meu rosto, geralmente alguns momentos de agonia antes de se fecharem os olhos de quem você ama ou amou ou de quem odeia ou odiou. Ou de quem havia nutrido o mais absoluto desprezo.
Eu os seguro pela mão, e, com um toque gentil de meus lábios na testa, caem em um sono profundo. Em seus sonhos, há quem diga, eles voam comigo acima das montanhas e em direção às nuvens e além, ainda segurando minha mão e ouvindo o bater de minhas asas. Há quem diga que os sonhos de alguns logo se transformam em pesadelos, quando insidiosamente os levo acima da montanha mais alta e depois os solto sem aviso, e silenciosamente observo sua longa queda até serem engolidos pelo abismo. Muitos seres humanos acreditam que seja assim.
Ninguém sabe muito bem o que acontece depois.
Os remanescentes apenas tentam imaginar como essa história poderia continuar após esse ponto, fazendo de mim um mistério ou uma lenda, pois sabem muito bem que de algum modo estou envolvida nisso tudo, no sono profundo e na nova realidade em que seus entes queridos ou inimigos não mais acordam; existe a negação inicial, depois o choro de tristeza ou de alegria, além da histeria, mas os belos adormecidos não mais abrirão os olhos. Eles não sabem que algum dia estiveram acordados. Nada mais sabem.
Os belos e os feios, os ricos e os pobres, os sábios e os tolos, os que curam e os que fazem outros dormirem: todos eles dormirão profundamente. Todos, sem exceção.
Os remanescentes não conseguem ver meu rosto, nem ouvem qualquer palavra dita ou qualquer diálogo travado entre mim e aqueles que ainda resistem a serem libertados de sua dor com um beijo, enquanto tento convencê-los de que o meu feitiço é muito mais gentil e suave que aquele lançado pela Vida: o de sentirem, na pele e na alma, tudo o que é possível sentir; mesmo aqueles que eventualmente flertam comigo resistem ao meu charme e se contorcem quando me veem, negando para si uma entrega completa ao meu beijo e aos meus carinhos de amiga. Para os remanescentes que os amaram restam somente as lembranças e as lágrimas e a maldição de ficarem acordados e sentindo as dores da continuidade. Para eles, eu sou um tabu.
Perdoe-me, mas existo. De qualquer modo, eu seguro a mão de quem fala de mim e também de quem não fala; não faz diferença.
Sou um tabu que eles (e você) quebram lentamente, mas muito lentamente. Conforme avançam em idade e experiência, as pessoas se acostumam com a ideia de dormirem por muito, mas muito tempo. Tornam-se serenos com a ideia de não terem mais a necessidade de dormir e acordar para um novo dia de dores e experiências tediosas ou emoções negativas afligidas por quem se encontra acima deles em alguma hierarquia; e mesmo esses homens no topo estão abaixo de mim. No Grande Esquema das Coisas, mesmo eles são relegados à posição vulgar de comentaristas de meus feitos, debatem a respeito de como eu seria e de como o mundo seria depois de terem ido dormir, deixando tudo para trás.
São inúmeros os rumores a meu respeito.
Dizem que sou uma entidade tangível, personificada e com personalidade própria, inteligente, e não somente um mero conceito abstrato ou uma simples força invisível. Há quem possa sugerir que eu poderia ser mais uma entidade tipicamente lovecraftiana*: superior aos homens e ao seu intelecto, um horror cósmico com o poder de conduzi-los à loucura, e que por isso mesmo me faço invisível ou intangível, tornando o homem resignado ao seu estado frágil de ser inferior, tornando-o incapaz de olhar-me nos olhos sem gritar histericamente. Os rumores também dizem que sou uma ave de rapina de olhos negros que se transforma numa velha ou em uma caveira com olhos vermelhos afundados nas órbitas e um sorriso perverso em sua face descarnada, ou que sou apenas uma meretriz de capa e capuz a seduzir os desesperados, com a diferença de que são beijados com amor e não golpeados com uma foice.
Aos recatados e aos pervertidos, um aviso: eu os terei sob o meu domínio.
Fica a seu critério acreditar ou não em mim ou em minhas palavras, mas isso não muda o fato de que eu também derrubo gigantes e guardo os seres microscópicos em meu bolso.
Mesmo você deve ter me visto parcialmente em diversas ocasiões: vivo com meu rosto escondido nas sombras, exceto nas noites de perigo e de tempestade, quando tenho o meu rosto temporariamente revelado pelo clarão de muitos relâmpagos que prenunciam os acessos de fúria da reverberante Voz do Trovão. Quando pensa estar em perigo, por um breve momento você tem a impressão de me ver. Mas ainda não é chegada a hora de me revelar.
Há também quem me procure de tempos em tempos, cortejando-me, vendo em mim uma grande promessa. Ou uma musa a quem atribuem uma fonte inesgotável de inspiração: e muitas vezes eu me vi na companhia de palavras no papel, ou entre rabiscos e paisagens de tinta, ou flutuando entre as ondas sonoras, o que faz de mim uma tendência. Para começar, eu sou o principal motivo pelo qual as pessoas vivem sempre tão ansiosas. Elas querem fazer de tudo um pouco antes de me verem.
Tenho observado a longevidade de uma tradição milenar que diz que você tem de correr para “ser alguém na vida”, seja lá o que isso signifique, e, para isso, deve competir e fazer tudo o que for possível para ser um dos escolhidos. E bem sabemos do que as pessoas são capazes.
No vale em que caminha a humanidade, o joio e o trigo murcharão e ficarão secos com a passagem de minha sombra. Seguem em linha reta, esses homens e mulheres, e veem o meu rastro nas duas direções, sabendo que, em breve, eu os encontrarei. Cedo ou tarde, eu os terei em meus braços, pouco importando o que tenham feito antes de mim.
Os bons e os maus, os justos e os injustos, os opressores e os oprimidos: todos se apagarão como velas deixadas ao vento. Pois levo a todos, sem preconceito ou julgamentos.
É verdade, você ouviu a meu respeito desde o início ou desde o momento em que tomou consciência de que quase tudo é efêmero, e de minha existência não aplaudida e de meus mistérios, mas simplesmente me nega ou finge que não existo, como se isso fosse facilitar as coisas.
Lembre-se de que somos amigos, você e eu.
Pareço impiedosa aos seus olhos, mas sou aquela que faz sua vida ter sentido. Ouso dizer que você quer viver justamente por minha causa, sabendo que, algum dia, não mais terá as regalias de antes quando finalmente estiver ao meu lado. Mas veja pelo lado bom: não mais terá refeições indigestas ao lado de sabotadores, bajuladores e hipócritas, nem mais terá de ouvir os eternos questionamentos a respeito de tantas expectativas não cumpridas.
Sendo eu mais nova que a Existência de Tudo, ainda sou uma anciã no Grande Esquema das Coisas, enquanto todos vocês são pequenos grãos de areia acumulados e perdidos no meio do tempo. Estou velha demais para ter de ouvir suas sagradas reclamações a meu respeito, quando tenho uma função muito específica a cumprir: equilibrar o caos no universo. Quero que saiba disso: minha missão é muito nobre, verdadeiramente nobre, por mais que eu não salve vidas.
Para começar, eu sou a única garantia verdadeira de algum pagamento para suas ações, mesmo que não tenha feito algo de muito relevante ou de muito hediondo em vida. Pois antes mesmo de ter nascido, você já havia herdado de seus pais sua condição de criatura efêmera; aliás, todos foram prometidos para mim sem existir a necessidade de um contrato assinado entre as partes envolvidas. Tenho viajado através das eras para poder encontrá-lo na hora previamente marcada, mas não divulgada. Não cabe a você saber ou querer decidir o momento, por maior e mais forte que seja a sua obsessão em querer estar no controle de tudo.
Eu mesma sou a obsessão de muitos e o maior medo de todos; mesmo quem me procura tenta sempre resistir ao meu toque frio, porém gentil, naqueles breves momentos que antecedem seu mergulho na escuridão mais profunda.
Permita-me, então, cumprir com a minha missão e equilibrar o universo, mantendo a ordem no Grande Esquema. Viva para aprender o que realmente importa.
Sou diferente de vocês, e nada mais tenho a aprender. Eu sei muito bem de onde vim, quem sou e para onde vou. Mas tenho comigo vários conselhos e ensinamentos para compartilhar com todos os seres humanos até a consumação dos séculos. Contudo, não nos resta muito mais tempo.
Posso ser uma abominação aos olhos alheios, que me veem como um atentado contra a natureza; mas saiba que outras vidas são admitidas neste mundo por causa de minha nobre intromissão na vida daqueles que anteriormente ocuparam a Terra com seus corpos e com suas respectivas experiências. Caso ainda não tenha percebido, sou uma agente de renovação do ciclo da Vida. Permito que todos tenham o seu devido espaço no mundo no pouco tempo que possuem em mãos, que tentem fazer o melhor antes de o tempo acabar, e que cumpram suas respectivas missões antes de serem substituídos. Uma vida pela outra, e o mundo continua girando.
E os rumores ainda dizem que sua vida toda passa diante de seus olhos quando você se encontra mais perto do fim, tal como um filme muito longo que relembra momentos bons e ruins, alegrias e tristezas, conquistas, perdas e abandonos. Ninguém conheceu pessoalmente quem tenha voltado para contar história, mas as pessoas dizem muitas coisas a meu respeito; tentam compreender algo que vai muito além da compreensão de seus espíritos limitados, e levam uma vida inteira para isso.
Se me permite um último conselho, nunca diga “nunca me abandone.” Nunca acredite piamente em promessas sinceras de outros meros mortais, seus semelhantes. No fim, todos serão abandonados. Todos irão e ficarão sozinhos. Quem amou ou foi amado... no fim será abandonado por quem menos esperava. E mais: pedir um último beijo não diminui a dor de caminhos separados. Pois o último beijo sempre me pertence.
Espero que adivinhe o meu nome.



*Das obras de H. P. Lovecraft (1890 – 1937), escritor estadunidense.


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terça-feira, 4 de agosto de 2015

28. Destoante

“Somos todos loucos aqui.”*







Noite quieta, muito fria e enluarada.
Nenhum sinal de caos lá fora. Ruas, becos e casas dormem o sono dos justos – e também dos injustos. E a lua cheia brilha sem ter quem a observe. E os cães não ladram; nem mesmo os gatos querem berrar o seu amor selvagem hoje à noite. Por ora, o mundo aparenta uma onírica normalidade e uma tranquilidade irreal, mas isso não vai durar muito.
Uma série de gargalhadas muito altas quebra o silêncio da noite:
Ha, ha, ha...
Ha, ha, ha...
Ha, ha, ha...
O lunático sempre ri na hora errada.
Sempre ri de sua própria piada, que somente ele – e ninguém mais – pode contar e escutar naquelas horas mais solitárias, quando os bons lunáticos permitem que sua loucura se manifeste sem receber de volta a censura encontrada em olhares alheios, e encontram tão somente a indiferença e a total ausência de julgamento das paredes do quarto de dormir.
Outros lunáticos riem de piadas semelhantes em outros lugares, talvez do outro lado das mesmas paredes que dividem com outros iguais, mas eles se sentem únicos. Não são.
O lunático pode até não observar o luar, mas a janela fica aberta, e a lua o observa do alto como um grande olho que tudo vê, sua única companhia.
Ele foge do marasmo da solidão que vivemos em sociedade, quando estamos cercados pelas multidões ensimesmadas à luz do dia, e escolhe abraçar a solidão da madrugada, não por causa da insônia, mas por se sentir mais vivo e acordado quando e enquanto todos dormem profundamente. Durante o dia, o lunático vagueia pelas ruas e caminha como que anestesiado entre as pessoas aceleradas, mas ele se sente mais vivo e saltitante à noite, quando estão proibidos todos os acessos de hilaridade.
É expressamente proibido ser louco.
Sabe como é, vai contra nossos manuais e princípios de boa conduta.
E é igualmente proibido expressar sentimentos que nós não aprovamos. E...
Sabe, ele não é exatamente louco, mas o tratam como tal, o tempo todo.
Por não sorrir sem ter um bom motivo, quando, por outro lado, ri com facilidade de uma piada boba, e também por não demonstrar um grande entusiasmo pelas coisas que eles tanto adoram, e talvez por isto e também por aquilo... por todos esses motivos, eles o veem como um louco irrecuperável, daquele tipo que não pode viver em sociedade por ser uma ameaça ao bem-estar de quem se encontra ao lado, uma ameaça à moral e aos bons costumes, uma vez que eles seguem um código muito rígido de conduta: você tem de sorrir para a câmera! Estamos de olho em você! Tem a obrigação de parecer normal, sempre gentil e impecavelmente civilizado.
É proibido ser amargo, e ser azedo, ser ácido, e doce, e salgado, sarcástico...
E mal sabem eles que, muitas vezes, foram e ainda são os criadores de algumas das “aberrações”, como gostam de chamar, que do nada começaram a invadir mentes que habitam em corpos aparentemente humanos; “aparentemente”, sim, pois duvidam até da possibilidade de que exista algo de humano nestes lunáticos ou naqueles loucos patológicos que vagam sem rumo pelo lado escuro da lua.
Nem todos os loucos surgem de uma mesma origem, é claro; mas os ditos normais, aqueles que dormem e acordam indiferentes, que sorriem e riem nas horas mais adequadas, e que ainda idealizam todo um mundo muito igual a eles, esses causam, direta ou indiretamente, boa parte da loucura que vemos sobre a Terra, incluindo aquela boa loucura encontrada nos outros.
O bom lunático é um espírito espontâneo e transgressor entre mentes excessivamente racionais, mesmo nos pequenos gestos. Tudo o que ele faz é mostrar que as sombras nos mostram o tempo todo que a luz ainda pode ser vista, mesmo com a passagem da luz sendo tradicionalmente obstruída por coisas que impedem a nossa transcendência. E isso incomoda porque vivemos a eterna negação da ideia de parecermos imperfeitos, enquanto o lunático reflete características que recalcamos quase o tempo todo, exceto quando estamos sozinhos. Em momentos assim, o lunático que existe em cada um de nós se liberta temporariamente de sua prisão.
Mas muitos de nós deixamos transparecer esse lunático mesmo à luz do dia e diante de todos, em nossos rostos e olhares e em certas atitudes de menor importância e... as pessoas começam a enxergar como realmente somos ou como gostaríamos de ser. E não somos aprovados.
Há aqueles que nem tentam esconder sua natureza feita de boa loucura, e mais: ainda conseguem viver assim o tempo todo, livremente lunáticos. Esses não se importam com a aprovação dos outros.
E alguns só querem mesmo chamar atenção, como um pedido de socorro. Há lunáticos para todos os gostos e tamanhos. Ha, ha, ha...
O que é a boa loucura, afinal? Mais do que contar piadas em momentos inadequados ou infelizes, mais do que viver com um sorriso exagerado de hiena a mover os músculos do rosto o dia todo, a boa loucura diz respeito aos espíritos livres ou relativamente livres, vivendo além de seus corpos, os sobreviventes conscientes das imperfeições e das cicatrizes que colecionaram durante suas existências planejadas para serem perfeitas. E mais: não lamentam terem “errado” o caminho, mas decidem seguir naturalmente por suas próprias trilhas. Sentem o gosto da sobremesa antes de se servirem do jantar, e ainda não perdem a fome, mas parecem sempre famintos neste mundo tão cheio de regras e tão pálido e tão desnutrido de vida. Arriscam-se e comem manga e bebem leite, pois dão pouca importância ao julgamento dos supersticiosos que bebem suco de manga e ignoram do que este é feito.
O lunático parece ter a sanidade muito mais apurada em um mundo que sempre tenta ocultar a própria loucura. Sua loucura, a do bom lunático, é saudável e rejuvenesce seu espírito. Faz o homem evoluir.
Numa canção quase inteiramente harmoniosa, o lunático é aquela nota destoante que insiste em aparecer quando os dedos de um músico hipotético – digamos, quem quer que esteja regendo (enquanto é regido) ou idealizando tudo ao redor de si – insistentemente escorregam para os lados, tocando a corda errada ou a tecla errada ou o orifício errado de um instrumento musical – digamos... ah, não sei...
(Suspiro.)
Não sei mais como expressar isso. Tudo bem, eu mesmo sou um tipo de lunático cheio de ideias que se atropelam na cabeça, e reconheço que a metáfora não faz o menor sentido. Tudo bem. De qualquer modo, acho que vocês já entenderam a mensagem. Espero.
E creio que essa nota destoante apenas faça parte de uma outra canção, inteiramente nova e própria e talvez ainda mais bela, feita de uma nota só ou em harmonia com outras tantas notas – igualmente destoantes – vindas de outras canções. Mas talvez (e também) isso não faça o menor sentido. Ha, ha, ha...
Somos contradições ambulantes.
Somos eternas contradições.


*“We're all mad here.” – O Gato de Cheshire em Alice no País das Maravilhas (Alice's Adventures in Wonderland.)


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