Os rumores dizem que os jovens têm todo o mundo pela
frente para ser conquistado por toda a energia e a vontade que
possuem em mãos, mas nada dizem sobre toda a sorte de dificuldades
que teriam de enfrentar quando chegasse o momento. Para muitas
coisas, somos muito jovens; e depois, quando a idade supostamente
abriria todas as portas para a vida adulta e suas infinitas
possibilidades, nós ainda somos jovens e devemos tomar o último
lugar na longa fila das oportunidades, uma fila encabeçada por
pessoas supostamente mais experientes.
A juventude nada é além de uma eterna, insuportável
espera.
Eu, é claro, sou jovem demais para pensar de maneira
tão radical. O que este garoto aqui sabe a respeito das coisas da
vida? “Ele é jovem demais até para entender sobre a juventude, e
ignora a bênção de ainda não ter de se preocupar com as máculas
da maturidade. Ele tem apenas vinte e cinco anos. Ele tem apenas
vinte e oito. Tem apenas trinta anos e não sabe que até então tem
vivido os seus melhores anos.” Os mais experientes fazem tudo
parecer tão mais simples!
Mas a realidade... Esta é um tanto diferente.
Para o jovem, a vida é como uma festa para a qual ele
nunca é convidado. Ele mesmo se convida e a invade. E quando não é
dos mais tímidos e não se envergonha de sua atitude, ele surge numa
entrada triunfal e é quem torna a festa um pouco mais agitada. E
barulhenta.
O jovem é um penetra na festa dos veteranos. E como
isso incomoda!
E talvez por isso, em algum momento o jovem é
finalmente barrado ao tentar seguir com mais um de seus muitos
impulsos.
Não quero necessariamente dizer com isso que os mais
experientes necessariamente se incomodam com a possibilidade de serem
vistos como obsoletos aos olhos do mundo, para serem, então,
substituídos por esses jovens desmiolados que não têm metade da
bagagem de vida que os mais experientes já tinham quando se
encontravam na mesma idade que eles, apesar de ser o grande temor de
uns e outros.
Mas eu imagino que desde a segunda geração de seres
humanos, os conflitos entre as gerações foram criados, e isto tem
se repetido através das eras. Tornou-se uma tradição – e como
uma boa tradição, um bom e velho discurso foi sendo
(incansavelmente) repetido: neste caso, de que tudo era melhor em sua
época se comparado com a época da geração seguinte, o mesmo
discurso que provavelmente ouviu da boca de seus pais, que ouviram
dos pais deles... E assim voltamos ao início dos tempos.
(Como comentário pessoal, eu também penso que a
geração anterior à minha teve uma melhor experiência de vida, mas
a minha geração continua a ser melhor que a geração seguinte; a
minha geração ainda tinha uns bons resquícios daquela vida um
pouco mais lúdica de tempos anteriores.)
Pensando melhor, certas virtudes, defeitos e angústias
semelhantes sempre assombraram os mais jovens desde o início. Em
algumas coisas, as gerações não são assim tão diferentes.
Todos – ou quase todos – já provaram o sabor amargo
daquela sensação de viver em uma outra dimensão, e tudo o que
fosse mais interessante parecia acontecer ou existir em um lugar
muito distante, no outro lado da cidade ou mesmo no bairro ao lado.
Para muitos, cruzar certas fronteiras não era permitido, a menos que
os próprios pais fizessem companhia. E até certa idade, alguns não
tinham o direito de aprender a conhecer o que havia além de seu
próprio quintal – o que é muito natural sob o ponto de vista de
quem tem o dever de cuidar e proteger, mas sufoca aqueles que desejam
desbravar os diversos campos e territórios da vida.
E esses jovens herdam os medos e anseios de seus pais, e
os repetem com seus filhos.
E aquele que tenta fugir disso (automaticamente) se
torna a grande ovelha negra da família.
E aquele que tenta fugir de todo o resto – de medos e
anseios familiares, de valores e de tabus sociais duvidosos ou
batidos... esse, então, é um grande desordeiro.
Mas o jovem que tenta fugir de tudo o que caracteriza o
jovem típico não é bem vindo ao clube, nem dos jovens... nem dos
adultos. Sim, a juventude é um tipo de limbo, e os jovens são seres
que se sentem (eternamente e eternamente e eternamente e...)
deslocados no tempo e no espaço.
Mesmo quando tem o desejo de ser diferente, o jovem não
faz parte do clube dos originais com essa sua intenção. Todos
querem ter um lugar no mundo para chamar de seu. E esse desejo nunca
morre...
Nunca.
Nem com os cabelos brancos.
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