domingo, 22 de dezembro de 2013

9. Sou Uma Alma Antiga



Sim, eu ainda gosto de ser jovem.
Contudo, sinto uma poderosa maldição tomando a minha juventude dia após dia, que é a sensação de ter chegado tarde demais. Cheguei tarde para muitas coisas.
Não falo somente a respeito de tendências culturais, mas da experiência de vida em sua amplitude, assim como é inevitável a falta sentida de amores que eu poderia ter vivido no frescor de suas existências.
Socialmente, eu me deparo com uma era doente de pura apatia, mesmo com a ilusão provocada pelo som e pela fúria atravessando paredes, mas sem objetivo. E tudo o que resta são meros latidos de pequenos cães atrás de um portão. Entendam, a fúria é latente, mas precisa ser bem canalizada. Bem utilizada.
Esses dias alguém me disse que apesar de muito jovem, sou uma alma antiga. Certamente insere-se aí a perspectiva espírita, que, se não sou adepto, no mínimo respeito ao acrescentar algo a mais nesta vasta pluralidade de visões existentes. E eu acredito que seja possível, mesmo que de uma maneira figurativa.
Sou jovem e da velha guarda. Sou um remanescente espiritual de qualquer tempo esquecido. Não fecho os meus olhos para o futuro, não sou contra o que se entende como progresso, mas sinto que conforme desenvolvemos mais e mais ferramentas e facilidades para a vida cotidiana, mais e mais perdemos a nossa identidade, e parece que cada vez menos temos algo de relevante a dizer ou sentir. Nem todos são assim, é claro. Ainda conseguimos encontrar pessoas que sabem se reconhecer como grãos de areia no tempo, reconhecendo que muitas coisas vieram antes e outras ainda virão, e que por isso mesmo precisam se preocupar em deixar a sua marca.
Sinto-me não sendo levado a sério, mesmo que isso fuja às intenções alheias.
Mas principalmente sinto a minha alma antiga transitando constantemente para além do espaço-tempo, revisitando o que queria ter experimentado em carne e osso, e talvez tornando-me à frente do meu tempo, à época, sem perceber. Hoje sou a cópia da cópia da cópia (e não somos todos?), ainda que tentando soar diferente.
Mas agora estamos todos dopados. O mundo não é perfeito e ainda há muito a ser feito por ele, é verdade, mas foi muito simplificado. Então tornamo-nos dementes. O progresso é lucrativo e, mesmo não sendo um demônio em si, é um meio utilizado para o aprisionamento massivo de nossa fúria interna, de nossa vontade de viver e quebrar barreiras não visíveis a olho nu. Estamos aprisionados em uma grande zona de conforto. O progresso em si não é um pecado, nem fazer uso dele o é, mas estamos equivocados ao pensarmos que nada mais precisamos fazer.
Ainda há muito a ser dito, mas estamos cegos, surdos e mudos. Somos almas perdidas no campo de batalha dos dias atuais, no qual somos bombardeados pela apatia uns dos outros. Ou pela fúria cega de um irmão contra o outro.
Nossa guerra mais importante hoje é espiritual.
Não em um sentido religioso, mas ainda mais amplo. Em quebrarmos a barreira das paredes de nossa mente com a ajuda de nossa fúria interna. Em libertarmos o nossa alma de nossas mais vulgares convicções, daquilo que fecha as portas e janelas da percepção e corta as nossas asas invisíveis. E nem são necessárias as armas físicas para sermos domados e domesticados. Basta apenas essa ilusão de espaço-tempo e de que nada pode ser diferente. Da ilusão que estamos presos em nosso tempo e que devemos nos afundar na mais profunda apatia porque é tudo o que temos.
Deve ser por isso mesmo que sempre tento voar com a minha alma antiga por onde (e quando) mais desejo. Não sem perder o senso de realidade, mas o ampliando. Daí o motivo de escutar músicas antigas, e ouvir, fascinado, histórias de muito antes de meu tempo, para suspirar de saudade de tudo de bom que eu não vivi. Será que um dia eu ainda terei os meus anos dourados?
É como eu sempre digo: simplesmente não tenho culpa de ter nascido tarde.


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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

8. Cabo de Guerra Social



Curioso é pensar que às vezes considero que a vida adulta poderia facilitar muitas coisas que em nossa infância eram consideradas verdadeiras torturas, dilemas que por vezes deixavam a nossa mente num verdadeiro turbilhão e esmagavam os nossos tenros corações. Mas então vejo que a vida adulta nem sempre supera tais dilemas, mas apresenta variações das mesmas, como no exemplo da sociabilização.
Nem todo mundo é obrigado a ser amigo de todo mundo, é claro, e existem sociabilizações em diferentes graus, mas me chateio quando me deparo com situação semelhante a de quando éramos crianças e alguém tinha de escolher com quem andar na hora do recreio. Era mesmo chato, não era? Mas agora somos todos adultos. E ainda assim, esse problema ainda parece causar uma influência direta indireta quando se tem de decidir com quem se quer passar um momento específico em que ninguém precisa ser exclusivo em atenção, principalmente quando se envolve afetividade, do mesmo modo como esse dilema causava influência nas interações quando éramos mais jovens.
Nós apenas crescemos em idade cronológica, mas os dilemas de infância nunca nos abandonam de vez. Na verdade, ressurgem piorados.
Eu gosto de pelo menos tentar o contrário, ainda que eventualmente me veja inserido no meio deste Cabo de Guerra Social.
A nossa vida seria muito mais simples se as pessoas percebessem o quão possível (e, afinal, nem um pouco torturante) é a conexão que se cria ao serem formadas diferentes ramificações (entre pessoas distintas) a partir daquelas pessoas que elas têm em comum em suas vidas.
Não sei, mas acho que estou velho demais para rever essas mesmas cenas. O tempo passa e as coisas não parecem assim tão diferentes, afinal.

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domingo, 15 de dezembro de 2013

7. O Doce Som da Madrugada


Deitado no desconforto do sofá, tento dormir na companhia da música.
Estou deitado, mas minhas pernas e meus pés se movimentam seguindo o compasso,
enquanto espero por um sono que nunca vem.
Minhas pernas são sempre assim, tão inquietas durante o sono.
E com a música pelo menos encontro um bom motivo para assim se movimentarem.
Música, todo o meu amor ao meu eterno flerte!
Ela me lembra de doces tempos que eu nunca vivi,
de experiências passadas e de épocas que alguma vez imaginei ter vivido.
O som preenche o vazio de minhas noites intranquilas,
na eterna calmaria de minha cidade inquieta.
Meus olhos se fecham nas sombras,
e à música me entrego, nela eu flutuo. Todos dormem.
Mas quando eu tento dormir, minha mente me faz lembrar de quem não deita ao meu lado.
Os pensamentos solitários invadem meus sonhos,
o meu sangue flui violentamente em minhas veias,
e minhas pernas inquietas me expulsam de minha cama.
O som pelo menos transforma meus pensamentos em notas musicais.
                     fá...
              mi,
        ré,
Dó,
Canções são invisíveis, exceto quando rascunhadas no papel;
elas não possuem corpo físico,
não posso nem mesmo tocá-las,
mas posso senti-las quando em minha alma tocam.
Elas não me iludem com eternas promessas acalentadas,
mas ainda mantém vivos em mim todos os sonhos que sonho quando ainda estou acordado.
A música não me julga, mas parece saber quem eu sou.
E deitado no escuro, desisto de dormir, e em meu sangue a música flui.
Sensação que só eu, e ninguém mais, sente.
Sou um amante, sou aquele que teme o amor e a quem o amor teme.
Sou uma alma viva, sou uma sombra do que fui um dia.
Sou um herói, e agora sou o vilão.
Sou o herói de novo, o amante, a alma viva.
Sou a canção.
Somos simbiose.
Pois a música não existe sem ter quem a escute,
e eu preciso de sua preciosa companhia.
Eis que a primeira rima finalmente vem,
e a música e eu enfim formamos a mais perfeita harmonia.

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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

6. Língua Ferina e Dedos Afiados



Sabe, excetuando-se pelas suas demais características tangíveis, hoje em dia não é mais tão simples assim separar os dedos da língua. Praticamente não existe uma maior diferença entre eles.
É a mesma coisa que acontece, por exemplo, e isso em muitos casos, entre a boca e aquele tão famoso orifício de onde os dejetos são expelidos em momentos de privacidade; e eis aqui um fato realmente curioso a respeito destes momentos: sabe-se que todos os experimentam, e que às vezes são mencionados, e até podem render longos papos e risadas prolongadas, mas quando de fato acontecem, as pessoas sempre os têm com a porta trancada, a fim de preservarem a privacidade que possuem por direito e que provavelmente deveria ter sido incluído na constituição.
De maneira natural, a grande maioria simplesmente não consegue misturar o conhecimento de tais momentos íntimos com uma indesejada vigilância alheia, a menos que as pessoas envolvidas tenham lá o seu espírito de porco — isso não vem ao caso. Mas quando se trata do momento de trazerem à tona o que há dentro de si, certos indivíduos expelem palavras e ideias igualmente grosseiras, fétidas e repulsivas de suas bocas, e isso sem o menor pudor ou um mínimo de ponderação.
Pode-se sentir o cheiro a quilômetros de distância.
E tal ação, na qual a língua tem a sua devida parte, ela também vem se espalhando por dedos humanos, e tem se espalhado cada vez mais pelo mundo afora.
A ação de falar sem pensar em causa e efeito.
Um ato constantemente protegido pelo escudo do anonimato.
De qualquer modo, para o inferno com os moralismos!
Bem sei e reafirmo que o teto é sempre de vidro, e jamais blindado.
Mas eu também sei que essa liberdade em se dizer o que se pensa pode ter um súbito fim se você não souber usufrui-la com um mínimo de sabedoria. Não me refiro a se valer de meias-palavras ou sobre ser dissimulado(a), mas a respeito de saber o que diz.
Hoje em dia você tem o recurso de olhar para um espaço em branco e para um cursor piscando na tela e bem diante de seus olhos, e você ainda tem tempo e o poder de refletir antes de eternizar tuas palavras – sim, pois na velocidade em que as informações se espalham, mais depressa que o bater das asas de um beija-flor, enganamos a nós mesmos ao pensarmos que ninguém viu o que foi escrito antes de clicarmos em “excluir”. Antes disso, você ainda pode escolher as melhores palavras, do mesmo modo como seleciona as melhores frutas em sua ida à feira ou ao supermercado, e elas podem ser doces, ácidas ou mesmo amargas, com o seu sabor servindo a seus devidos propósitos: ser doce quando tiver de ser, ser ácido ou amargo quando for necessário.
Você pode escolher entre ser cru ou mais sofisticado nas palavras.
Faça a sua escolha.
Plasticamente, suas palavras podem ser belas ou podem soar como pura cacofonia, pura grosseria ou delírio, mas você pode manipulá-las segundo à tua vontade, e pode organizá-las de acordo com o teu nível de conhecimento, de maturidade ou mesmo de vontade e paciência.
Pode significar a diferença entre ser aplaudido ou ser sumariamente esmagado(a) feito um inseto quando for confrontado(a).
Mas a essência do que diz ainda estará lá. Não há muito o que controlar quanto a isso, a menos que você esteja mentindo a respeito, e isso é por sua conta.
O pior de tudo é se um dia farejarem um odor interno em você, presente em tua alma.
Ou pior, se você perceber isso em si mesmo. E não há porta fechada que possa sempre domar tamanho odor. Isso acaba ficando impregnado em você.
Já os dedos e a língua são meras ferramentas em meio a tudo isso.

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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

5. Relacionamentos Baseados em Interesses



Primeiramente, permita-me dizer isto: todos os relacionamentos, sejam os amorosos, os fraternos ou até mesmo as relações profissionais, eles são baseados em interesses, e isso não é necessariamente ruim. Os interesses, sim, esses variam.
Mesmo a tua necessidade em apenas ter por perto alguém para amar (e que ame você!), independentemente de quaisquer fatores externos ou financeiros, isso por si só é um interesse. Ou então a vontade de ter um ombro amigo no qual você possa molhar com lágrimas de alegria ou de tristeza. Ou então uma boa interação com seu chefe e seus colegas de profissão.
Intenções iniciais movem as interações humanas, ainda que às vezes tais intenções sejam desconhecidas ou que as interações surjam acidentalmente.
Dito isso, vamos à reflexão da vez:
Essa é uma tendência fortíssima que por vezes eu testemunho desde os anos de 1990 em diversos programas de TV: reality shows formadores de relações amorosas.
Quem não se lembra das noites de domingo e de programas como “Em Nome do Amor”? Neste, homens e mulheres que procuravam uma oportunidade de relacionamento sério com alguém do sexo oposto se inscreviam e eram submetidos a provas e dinâmicas, tudo com um clima de romance ainda ligeiramente inocente, ainda que fossem adultos; e o programa, se não me falha a memória, terminava com uma dança lenta entre os participantes e depois com um momento em que os pares formados decidiam se queriam namoro ou amizade, sendo que quando diziam “namoro”, saíam dali realmente como namorados, ou assim parecia ser.
Não havia refletido a respeito por um bom tempo, mas conforme tal tendência vem aumentando durante os últimos anos com reality shows variados, incluindo esses de relações amorosas, fico pensando na banalização dos conceitos de amor e relacionamento, no quão explícitos os interesses que nunca formaram a verdadeira alma de um relacionamento têm se tornado, principalmente diante das câmeras de emissoras de televisão.
Se nos anos de 1990, Em Nome do Amor apresentava a ideia de que completos desconhecidos até aquele momento poderiam sair juntos do programa como se se conhecessem suficientemente para definir que o outro valia a tentativa de um relacionamento sério, o que vejo hoje me deprime. E muito.
Entenda, nunca será a minha intenção vir aqui com moralismos baratos, até porque todos sabem o que querem para si e como podem tentar conseguir tal coisa, e também porque o teto é sempre de vidro. Mas eu gostaria que refletissem um pouco a respeito da seguinte questão:
Pessoas anônimas se candidatam a uma vaga no “coração” de uma pessoa anônima (ou não) específica, então os(as) candidatos(as) se apresentam em um minuto, basicamente contando quais são seus interesses ou que tipos de atividades gostam de fazer. E quando se trata de um homem querendo sair com uma entre não sei quantas mulheres que decidem se ele é aceitável ou não, perceba que entre piadas e risos, o que fica mais evidente ali são os interesses que as moçoilas têm no dinheiro ou no tipo de balada frequentada pelo rapaz; eu sei que nem todas as mulheres no mundo se baseiam nisso, mas não podemos negar que nesses programas eles fazem questão de reunir aquelas que fazem esse tipo específico.
E esses quadros e programas podem variar um pouco entre si, mas seguem basicamente a mesma fórmula: interesses, interesses, interesses. E não dos tipos mais profundos, diga-se de passagem, mas não daria mesmo para esperar algo diferente em programas que possuem o único propósito de entreter. Isso por si não é um pecado, ainda que não concordemos com os valores apresentados.
Mas deixo aqui a seguinte pergunta: eles realmente acreditam que podem definir um início de relacionamento baseando-se em informações superficiais de candidatos?
Eu mesmo me incomodaria se tudo o que soubessem de mim nessa triagem fosse unicamente a respeito de meus passatempos ou da resposta para aquela perguntinha querida: “Faz o quê na vida?”
Bom, até porque dificilmente eu participaria de algo assim; seria hipocrisia e desespero de minha parte, uma vez que estou questionando a respeito.
Voltando ao que apontei no início: sim, todos os relacionamentos são baseados em interesses; ou melhor dizendo, costumam surgir de intenções iniciais.
Por exemplo, algumas pessoas com quem apenas troquei ideias inicialmente ou que busquei para ter atividades de qualquer natureza juntos, ou mesmo pessoas com gostos semelhantes aos meus, conforme o nosso convívio tornava-se mais claro e desenvolvido, todas elas se tornaram muito importantes e especiais para mim em suas devidas proporções. Neste ponto, os simples interesses iniciais se tornam apenas mais um detalhe entre tantos outros valores cultivados em tais amizades.
Entendeu?
Eu sei, o que vem depois do programa é por conta dos participantes, assim como na vida é de nossa conta e das pessoas com quem nos relacionamos tudo o que vier depois de as relações se tornarem possíveis. Mas no caso dos programas, o meu grande incômodo é com a apresentação e troca de informações dos seres envolvidos nesta “triagem televisionada”. Na superficialidade disso.
Sei que isso dificilmente entreteria, mas eu proporia que fizessem um programa em que, sim, os candidatos pudessem falar de interesses superficiais, mas que o programa cedesse um grande espaço para que eles mostrassem suas essências como pessoas, ainda que a maioria tenha medo de ser visto como realmente é. Questão de privacidade e que deve ser respeitada.
Mas verdade seja dita: nenhum relacionamento torna-se duradouro baseando-se unicamente naquelas informações iniciais.


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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

4. "Faz O Quê Na Vida?"




 Como eu amo o tom implícito nessa pergunta! Só que não.
Como se a vida se resumisse apenas ao trabalho — que, sim, é importante, mas não é a única coisa de que o homem é feito.
Quando uma pessoa costuma perguntar com essas exatas palavras se você trabalha ou estuda, cria-se uma ilusão de que é uma pergunta que abre um leque de possibilidades, mas na verdade é apenas limitadora. Dá a impressão de que a pessoa quer saber o que você faz apenas para medir se você é de nível baseando-se unicamente em sua profissão. Uma coisa é perguntar se a pessoa faz alguma atividade ou mesmo se trabalha ou estuda, e isso dentro de uma conversa em andamento, quando já existe o entrosamento; outra muito diferente é lançar aleatoriamente essa pergunta para medir primeiras impressões baseando-se apenas no nível da profissão de um sujeito.
Não é minha intenção ser radical com isso, por mais que isso soe assim. Sei que às vezes as pessoas perguntam mais por curiosidade mesmo, e às vezes usam essas exatas palavras porque já estão na ponta da língua, o que é compreensível, mas repito que o homem não é feito apenas do trabalho.
O trabalho tem de servir como um elemento edificante, mas não como essência do homem.
E (vendo agora pelo lado inverso) o trabalho também não deve ser visto como um deus a quem os homens pagam uma constante penitência, que faz uma pessoa tentar provar do que é feita, de quanto ela vale simplesmente baseando-se no sofrimento afligido por um emprego por ela detestado. Quando se fala em trabalho, certas pessoas o encaram como um castigo, não como algo de grande necessidade. Qual é mesmo uma das primeiras coisas que falam para uma pessoa quando ela diz sandices? "Você não tem louça para lavar?" E apesar de ser uma pergunta aparentemente simples, consigo ver implícito aí um "fator castigo", não porque lavar a louça é importante, mas depositam nessa ação (que sim, admito, é bem chata, apesar de essencial) um peso desnecessário.
Encaro que o trabalho deve vir como justo e proporcional ao que a pessoa busca para si e ao que suas aspirações indicam... nem mais, nem menos. Eu sei que é tudo muito concorrido e às vezes a situação é difícil, o que justifica a pessoa ter de arrumar alguma ocupação que muitas vezes não é de seu gosto, até mesmo para poder sobreviver, mas não justifica esse senso de superioridade sobre os outros baseando-se no quão “merda” é o seu emprego, assim como no quão rentável é porque você escolheu para si aquelas profissões do alto escalão. Cada um tem para si aquilo que lhe cabe.

"Ah, mas você diz isso tudo porque não tem família e filhos para cuidar, ou mesmo irmãos, dívidas a pagar, etc."

Exatamente. Não tenho justamente porque eu sei que, por ora, não tenho estrutura para tais coisas. Para isso há uma coisa chamada planejamento, já ouviu falar? Existe algo chamado saber o que estou fazendo. Sou solteiro, sem filhos e evito acumular dívidas desnecessárias. E, apesar de detestar ser filho único por causa da solidão, isso me torna privilegiado no sentido de eu poder calcular melhor os rumos que levo, de poder investir meu tempo e esforço naquilo que mais gosto ou sou bom, nas coisas em que sinto estar minha verdadeira vocação (e que não é diversão o tempo todo, ao contrário do que possam pensar).
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terça-feira, 26 de novembro de 2013

3. Sobre Amizades em Potencial Terminadas Em Um "Click"




Eu tenho ficado seriamente deprimido com uma coisa que tem me ocorrido com uma certa frequência ultimamente. É claro que eu não deveria considerar tal coisa com o peso de problemas mais graves, até para não soar como um ser juvenil como aqueles tantos que são alvos de críticas ou questionamentos feitos por mim de vez em quando. Mas como tal coisa reflete um pouco a minha realidade, eu tenho ficado um tanto chateado.


Não sei o que acontece com algumas pessoas na internet, mas às vezes inicio o que promete ser uma boa amizade, converso com uma pessoa por algum tempo e as ideias parecem bater, há uma boa sintonia e, do nada, sem eu ter feito ou dito algo mais expressivo que justificaria tal atitude, a pessoa me deleta do Skype.

É claro que amizades podem surgir de diferentes maneiras e sei que há muito mais do que o mundo virtual pode oferecer, mas considero que sou deste tempo e vejo um grande potencial na rede em aproximar as pessoas. Na mesma proporção que há mentirosos, há aqueles que transmitem sinceridade através de suas ideias, e com o tempo você adquire a habilidade de separar pessoas verdadeiras das falsas. É a velha intuição trabalhando para você, somada a uma experiência que você desenvolve com a sua própria vida e com a observação de comportamentos. Com a internet é possível conhecer pessoas de outros lugares e é permitido a você criar conexões mentais e emocionais com pessoas que você não conheceria na baladinha da esquina ou na fila do caixa do supermercado. Você, sendo sábio e sensível no que diz respeito às dinâmicas humanas, aprende a conhecer pessoas primeiramente pelo seu íntimo, mesmo que no começo tenha intenções diferentes, mas você começa a enxergar a pessoa de um maneira melhor. Não digo isso em detrimento a amigos e colegas mais próximos, mas há alguns muito especiais que, não fosse a internet, talvez eu nunca tivesse conhecimento, e bem sei que as ideias em comum trouxeram uma aproximação que às vezes não tenho nem com um vizinho, uma conexão emocional que vai além das barreiras da distância. Não mais faço somente amizades provenientes do meio (ou seja, com alguém da vizinhança, da escola, do trabalho, whatever), mas amizades entre almas.

Portanto, quando às vezes me sinto apodrecendo no lugar onde moro, por não me sentir conectado com nada que há aqui, e puxo conversa com alguém da minha cidade, mesmo que seja alguém do outro lado da mesma, buscando equilibrar meu cotidiano ao ter "por perto" alguém com quem posso conversar, sair, ou mesmo trocar algum afeto, tudo dentro das possibilidades e da disponibilidade, (ou seja, ter um pouco de tudo o que as demais pessoas têm de mais básico em questão de interação e atividades com outros indivíduos), eu me sinto afetado quando o que eu disse mais acima acontece. É muito estranho. Minha nova obsessão é a de esperar por aquele que irá me excluir em seguida, e essa perspectiva é verdadeiramente preocupante.

Quando alguém me sugere procurar possibilidades reais dentro dos limites da cidade, precisa entender que distância, afinal, não define coisa alguma, menos ainda sobre como me relaciono com alguém. Se tenho uma forte conexão com você, sendo você de outra cidade ou outro estado, é porque realmente a/o valorizo a ponto de não ligar para o quão longe você está de mim. Você me valoriza igualmente e é isso que importa. Porque pode ver o que tem me acontecido aqui e o quão desanimador isso tem sido.

O que as pessoas querem, afinal? Seria impaciência? Ou uma simples falta de sentido, talvez?


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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

2. Uma de Minhas Lembranças



Tenho uma lembrança simples, mas bem marcante.

Lembro-me de quando estava no pré (ou seria a primeira série?) e eles costumavam vender livros infantis na biblioteca da escola. Levávamos as nossas moedas ou notas, éramos chamados em grupos até a biblioteca e levávamos um ou mais livros entre várias opções, sendo os mais caros os livros pop-ups. Havia livros de histórias, de colorir, livros com atividades (meus escolhidos na época).

E eu ainda não tinha gosto pelos livros de histórias (ou estórias, como se dizia) sem que houvesse figuras, mas eu sempre olhei para livros como itens fascinantes e que mereciam ser abertos e examinados. Por outro lado, sempre gostei de rabiscar e escrever. E com o tempo, ambas as coisas se convergiram no imenso amor que sinto pelos livros.

Há algo tão mágico em ver as palavras no papel, seus olhos deslizando e sua mente criando conexões entre palavras e ideias. Os livros simplesmente me fascinam.

Lembro-me também de como a biblioteca da primeira escola que frequentei me fazia sentir como na biblioteca do Castelo Rá-Tim-Bum, de tão bonita que era e de seu vasto acervo. Pena que tivemos de nos mudar da Vila Ré (Zona Leste de São Paulo – SP) para o extremo da Zona Norte, o que me faz sentir saudades de quando eu frequentava o colégio Padre Antônio Vieira, no Jd. Nordeste. Mas certamente esses momentos me agregaram valores que carrego até hoje e formam uma boa parte de quem sou: um amante dos livros.

E, sim, eu ainda consigo ter uma vida social!

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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

1. Presença




Sempre quando fecho meus olhos e o manto da escuridão me cobre e aparentemente me protege por completo, eu me pergunto: Onde está você, que prometeu que estaria sempre por perto para vigiar-me em meu sono perturbado por sombras e fantasmas?

Você, é claro, não responde. Porque você não está aqui, nem está lá para me ouvir.

Depois de tanto tempo, a tua falta de presença nunca esteve tão presente. Lembro-me de como costumava rir, de todas as suas broncas, de suas canções. Posso até mesmo ver os movimentos de suas mãos hábeis nas teclas de um piano, mas nenhum som é produzido, não mais. Lembro-me de seu sorriso literalmente amarelo de café e nicotina, embora sincero, de quando eu me sentei para ouvir uma de nossas canções.

Lembro-me de como prometi a mim mesmo que me posicionaria como um vigilante em seu sono repleto de dores físicas e de muito frio, que apenas o calor do meu corpo ou de muita bebida destilada poderiam aliviar.

Éramos duas estrelas ou dois universos distantes, vivendo vidas distintas, longe demais para que um pudesse proteger ao outro, mas não tão distantes um do outro quanto agora.

Posso chorar, gritar, espernear, destruir minha garganta. E ainda assim, sei que você não irá me ouvir.

Posso clamar: Me salve!

Sei que suas mãos pequenas nunca mais me erguerão do solo e tirarão meu rosto da poeira, sei que não mais enxugarão minhas lágrimas, nem os seus braços me cobrirão – quando na verdade, era eu quem costumava cobrir seu corpo frágil em um abraço que poderia durar duas eternidades e mais um pouco.

Lembro de como costumava dizer o meu nome em sussurros, e isso me arrepia ainda hoje. Costumava pensar que somente você seria capaz de entender o que havia na essência do portador deste nome e que somente eu poderia compreender que por baixo de suas vestes negras – das cores do luto – ainda havia um coração pulsando violentamente a favor de uma vida pela qual lutávamos. Havia em você uma vontade de me fazer feliz mesmo com os gestos mais simples, mesmo que isso significasse, às vezes, me deixar zangado por alguns de seus mais impulsivos gestos.

Mais importante, amava lutar com você ao meu lado.

E hoje, um ano, décadas e mais alguns dias depois de a vida ter fugido para fora de seu corpo, lamento tanto que tenha desistido de lutar mesmo antes disso. Você desistiu de lutar para que eu lutasse por mim. Mas sinto informar: não tem funcionado. Tudo o que você me deixou foi um enorme buraco em meu peito, lágrimas e noites mal dormidas.

Eu era uma criança com medo, foi o que você me disse, mas agora o mundo recebe um homem.

Realmente disse a verdade? Apenas o tempo é capaz de me responder a essa questão.

Se eu gritar agora, sei que você não irá me ouvir. Seria como gritar a um gigante de bronze, sem vida nem consciência.

Sem presença.

E meu silêncio é tudo o que lhe devo agora.


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